domingo, 26 de agosto de 2012

A cor do vazio

O vazio é cinza. O vazio é subexposto. É contraste doloroso.

Vazio é o lugar na mesa no café da manhã.
A escova de dentes encostada na pia.
O par de chinelos na primeira prateleira.
As toalhas de banho azuis no canto do armário.

O vazio se mostra na cama.
Na falta dos braços que envolvem.
Na falta do calor no meio da noite.
Na falta do cheiro ao acordar.
Na nuca vazia.
Nas mãos vazias.

O vazio se espalha por tudo.
É a manta ao lado do sofá da sala.
O copo na cristaleira.
A cerveja na geladeira.
As séries no HD.
Os jogos no iPad.

O vazio está em todas as letras de música.
Em todos acordes.

O vazio toma conta.
Inevitável. Irredutível. Impiedoso.


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Preciso

Todo fim é um pouco uma morte.
E hoje preciso velar uma parte do meu coração.

Preciso destruir os hábitos.
Presciso esquecer as esperanças.
Preciso me reprogramar.

Sozinha, em silêncio, no escuro.
Um nó na garganta e um travesseiro que conforte.
Um caderno cheio de planos.

Preciso parar de quebrar minhas próprias promessas.

Preciso cuidar de mim.
Preciso aprender a cuidar de mim.

Sinto muito

Eu sinto.
E sinto muito.

Sinto muito que amar não seja mais suficiente.
Sinto muito que querer bem não signifique mais nada.
Sinto muito que tudo tenha desaparecido e que vai continuar assim, desaparecendo.
Sinto a falta de consideração, é palpável, pesa o ar.

Mas acima de tudo sinto que fiz o que pude.
Fui além do que achei que podia.
Fui além do que achei que devia.
Ah, eu vou sempre além...
Eu e meu exagero.

Tem uma ponta de dor.
Mas vai passar.

Porque a sensação de que mergulhei de cabeça, ah... essa não passa.
Mesmo que o mergulho hoje seja no vazio.
Mesmo que seja no escuro.



terça-feira, 17 de abril de 2012

Croniquinha

Não sou muito de republicar, normalmente venho aqui pra falar minhas próprias palavras.
Mas nesses dias amargos, vale um Paulo Coelho pra amenizar...

Tentando controlar a alma

Muitas vezes achamos que podemos controlar o amor. E, neste momento, nos surpreendemos fazendo uma pergunta complemente inútil: “será que vale mesmo a pena?”
O amor não respeita esta pergunta. O amor não se deixa avaliar como uma mercadoria. Um dos personagens da peça “A Boa Alma de Setzuan”, de Bertold Brecht, nos fala da verdadeira entrega:
“Quero estar junto da pessoa que amo.
Não quero saber quanto isto vai me custar.
Não quero saber se isto vai ser bom ou ruim para minha vida.
Não quero saber se esta pessoa me ama ou não.
Tudo que preciso, tudo que quero, é estar perto da pessoa que amo”.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Zona de conforto?


Será que é possível transformar a tristeza em zona de conforto?

Ultimamente não consigo me manter feliz por um período de tempo razoável.
Montanha russa. Entre acordar e dormir, passo por todos estados de espírito. Várias vezes.

Hoje acordei determinada a fazer um bom dia.
Lutei para que coisas pequenas não me derrubassem.
Venci as coisas pequenas e pessoas pequenas.

Mas aí tem as pessoas grandes. As questões grandes.
Veio uma rasteira, depois um empurrão.

Caí de novo. Tô me acostumando com o chão.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Quando o dia começa torto.


Fiz terapia por muito pouco tempo, mas lembro de uma dica da psicóloga que sempre pratiquei e sempre deu muito certo. Preocupada com as minhas mudanças bruscas de humor, ela me ensinou: quando perceber que o tempo fechou, volte um pouco no tempo e tente encontrar exatamente o momento da virada. Anote e reflita.

Pois então, ontem cheguei em casa sem um pingo da energia positiva que eu andava carregando nos últimos dias. Cheia de dúvidas, cheia de lágrimas, cheia de medos.

Durante a madrugada, todos os maus pensamentos que vivo driblando durante o dia foram trazidos à tona pelo inconsciente, em um sonho desagradável, dolorido, desconfortável.

Hoje acordei sem vontade de abrir os olhos. Sem vontade de sair da cama. Sem vontade de sair de casa.

Ok, era a hora de parar para o exercício: onde foi que o caminho entortou?
Seria somente a ressaca do sonho?
Seria resultado da aula de ontem, que acabou com as desventuras amorosas de Sophie Calle?
Seria só ansiedade pelo que está por vir? Impaciência?
Não sei. Não consegui apontar com exatidão.
Mas quando o dia começa assim, complica.

No banho, troquei shampoo por condicionador, derrubei a toalha no chão molhado e depois deixei cair a tampa do perfume em um "buraco negro" do banheiro.
Briguei com a minha mãe por uma coisa ridícula, quis chorar e sumir.
Escolhi para vestir uma calça que está apertando minha coxa e estrangulando a batata da perna.
Às 10 da manhã eu já tinha furado o regime, fumado dois cigarros, tomado coca zero (tudo proibido).
No caminho para o trabalho, levei pelo menos umas três fechadas, tocou a pior banda do mundo no rádio, esqueci os óculos escuros e tá um sol do inferno. O cinto de segurança amassou minha blusa bem na barriga, criando aquele destaque desnecessário. No caminho pro escritório, pisei com a sapatilha de pano numa poça d'água.
Tá difícil acreditar que possa melhorar.

Eu comecei a escrever aqui achando que era impossível.

Mas aí vejo no Facebook o lançamento da música nova da Rita Lee. Ouvi. Sorri.

Pensando agora em nem publicar esse post.

Mas vai ser bom ver, no fim do dia, como no balanço das horas tudo pode mudar!
(ou não)
(não sei ser tão otimista assim)