segunda-feira, 26 de abril de 2010

O dia 26/4/1979

Foi uma semana pra marcar a vida.

Salim tinha ordenado exames diários de estriol, em São Paulo, exames que mediam o bem-estar do nenê que esperávamos, com tanto amor. Todas as noites, dezenove horas, se tanto, saíamos de Jacareí e rumávamos pra São Paulo. A Dutra sempre se manteve amiga e, no prazo de uma hora, já estávamos em algum restaurante, antes de passarmos a noite no apê da Praça 14 Bis. Cedinho, éramos os primeiros a chegar ao Laboratório Delboni-Santos, na Av. Brasil, esquina com a Nove de Julho. Em geral, nem funcionários tinham chegado. Eram sempre os próprios médicos que nos atendiam e faziam a coleta de sangue.

Após, Dutra novamente e trabalhar. Osvaldo, na Inquibrás. Eu, no Verdinho. Era uma quarta-feira e eu sonhava poder ficar e dormir em casa, para assistir a um documentário sobre os grandes jogadores de futebol do passado, que a Globo anunciava a cada intervalo da programação.

Dengosinha e mimada, telefonei ao Salim, se podia deixar de fazer o exame na quinta-feira; estava tão cansaaaaadiiiinha... Silêncio na linha. Ah, balancei meu médico. Ainda silêncio. De repente, trovejou, com aquela voz forte e metálica: “ Não tenho nada com seu cansaço. Tenho com a criança. Faça o exame amanhã."

Engoli os sapos todos, e, à noite, novamente Dutra.

Combináramos Osvaldo e eu de vigiar os gastos e evitar ir a restaurantes mais sofisticados. Assim ele parou em frente a uma cantina, onde, pra meu espanto, dois funcionários se apressaram a abrir as portas do carro: um do meu lado e, outro, do dele. Pelo visto, a contenção de gastos fora para o brejo.

Comemos, bebemos vinho tinto – ah, meu médico era totalmente diferente dos de hoje, pois aconselhara para minha dieta vinho tinto, cuja provisão o Osvaldo fizera, com o máximo gosto. E minha dieta era dieta, mesmo. Nada de pães e açúcares durante toda a gravidez.

Dormimos no apezinho e, de manhã, me submeti ao exame de sangue, conforme o previsto. Depois,, Jacareí, com nossos afazeres habituais. Osvaldo na Inquibrás. Eu, nas aulas. No dia seguinte, entraria no nono mês. E, a partir daí, não poderia dirigir. Às cinco horas, telefonamos para o Laboratório: essa era a rotina. Depois comunicar ao Salim o resultado. Quando ouvi o índice, tremi. Fiquei sem coragem de falar com meu exigente médico. Osvaldo se encarregou da tarefa: sabem como é meu marido: o pai da calma e da diplomacia.

-- Como vai, Salim? Está pronto para o casamento? (O Salim fora convidado para uma festa de casamento, que seria às dezenove horas.) Que bom! Boa festa para vocês. Ah, o exame? Pois é! Deu 4.

De onde eu estava, ouvi os trovões, raios e pedradas. A malinha estava pronta. Dutra novamente. Coração preocupado. Eu, mão na barriga, no esporte a que me acostumara: contar as mexidas do bebê.

1, 2 ... 5 ... 21 ... 82...

Chegamos ao Hospital Santa Luzia, da Sta.Casa de SP. Uma comissão de frente nos aguardava. Salim, todo bonitão, de terno e colete, e seus assistentes, nada menos que professores da Paulista, convocados às pressas, porque os residentes estavam em greve. O Salim mal olhou para o Osvaldo e foi coordenando: “Vá fazer a internação da Sônia.” Pegou-me pelo braço e nem sei como, já estava na maca para ser examinada. Perguntou, ansioso. “O bebê mexeu, durante a viagem?” Disse que sim. “ Quantas vezes?” Respondi o número que pode parecer absurdo:”168. “ Ele pôs a mão em minha barriga e meu bebê, como sempre colaborando, deu mais uma mexidinha. Salim: “ Graças a Deus” . Daí para os preparativos de urgência e cesariana: “Dêem um calmante pra ela” Lógico, era o mandão do Salim. “ Não quero dormir”, reagi. E ele, fazendo troça:”Ah, ela quer conversar com o maridinho...” Todos riram, até eu.

O telefone tocou: quem poderia imaginar que era meu irmão, contatando o Salim, pra saber de nós? Parece inadmissível, mas o Salim atendeu ao telefone na sala de cirurgia. Quem conheceu o Nassib sabe como ele era persuasivo.

Às 21.45h minha flor veio ao mundo. Era 26 de abril de 1979, uma quinta-feira. Osvaldo ligou para o Nassib e anunciou: “ A Karen nasceu” Era uma homenagem ao meu irmão, que achava lindo esse nome.

O pediatra, que há vinte anos não dava plantão, estava encantado e ma trouxe no colo. Vi um pezinho rosa de cetim e beijei-o com adoração. O bebê parecia um sonho pintado de rosa: pele, unhas, rostinho mais lindo. E olhos azuis. Se eu fosse fraquinha e tão romântica como os livros que amei ler, era a hora certa de desmaiar. Mas, lógico, preferi ficar naquele sonho real, em cores suaves e inesquecíveis.


- Mamãe -

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A tal da Tati

Já há um bom tempo acompanho os textos da Tati Bernardi.
Muitas vezes, ela diz o que eu quero dizer e não tenho coragem.
Algumas outras, ela simplesmente consegue colocar em palavras aquilo que eu tentei e não consegui.
Sei que ela tem frases incríveis e textos deliciosos de ler.
Eu me identifico bastante, então aí vão os links pra quem quiser encontrá-la:

Site
Crônicas com Endereço
Twitter Oficial

Twitter Citações

"Temos um problema geográfico. Você quer abraçar o mundo e eu ficaria contente em abraçar você."

Strange days...

Fiz uma pesquisa.
A semana passada não foi tranquila para NINGUÉM.
Que onda foi essa, heim?
Credo!
Sai pra lá, apocalipse!

A estrada certa

Cheguei a um ponto em que reconheço algumas histórias, algumas pistas e sei farejar com alguma facilidade situações que me trarão algum sofrimento futuro.

Tirando aqueles poucos que podem tudo, outros poucos se aproximam.
E com a mesma facilidade que vêm, vão.
A maioria nem deixa vestígio.
Mas aí aparece aquele. E você percebe de cara que ele é o tipo que deixa cicatriz.
Mesmo assim, segue.
Acredita. Confia. Ouve. Sonha. Tenta. Se entrega. Muda. Vira de ponta-cabeça. Sonha mais.
Planeja. Chama. Canta. Atende. Dança. Escreve. Declara. Investe. Sonha mais um pouquinho.

Todas as placas da estrada avisam: CUIDADO.
Mas você não quer nem saber. Quer seguir correndo. Quer o frio na barriga, quer curvas perigosas, quer ultrapassagens proibidas.

De repente seu dia derrapa. E à beira do abismo, você resolve olhar pra baixo com frieza.

Que bom! Parabéns! Você está exatamente onde não queria.

Dessa vez eu acerto. Corto antes de me machucar.
Ponto pra mim.
Ponto pra taurina. Ponto pra racional.

Vieram outras ondas pra me distrair.
Alguns incêndios bravos pra apagar.
Toquei as músicas mais felizes.
Dei risada da situação.
Fui pra noite, ver outras caras.
Outros olhos. E outra boca.
Fui segurando as pontas.
Vai ficando mais tranquilo.

Não sei ainda se vai restar um gosto doce ou azedo.
Não sei se vai restar qualquer coisa.

segunda-feira, 22 de março de 2010

E todo mundo que incentivou a loucura, ficou sem graça e se retirou.
Todo mundo ficou sem ter o que falar.

Eu fiquei sem saber o que fazer. Não consegui discutir com ninguém, nem comigo, se a dor que eu senti foi real, proporcional.



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domingo, 21 de março de 2010

Domingo

E aí que eu achei uns bons motivos pra chorar.

Só faltava a trilha sonora.

Então aproveito o ingresso do Aerosmith em mãos pra me entregar...



Ah, a dominguite...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Parabéns!


Então, hoje é aniversário da minha grande amiga.

Quem me conhece um pouquinho, não precisa nem pensar.
Quem me conhece bem, sabe quão importante ela é.

Amiga nem começa a definir.

Nós já fomos irmãs, já fomos dupla dinâmica, já fomos amadas e odiadas em conjunto, já brigamos, já choramos, já fomos colegas de classe, fomos isoladas, já fomos o apoio, já fomos o ponto fraco.Já passamos por tantas que hoje nos chamamos carinhosamente de maridas.
Tá na história, nas fotos, nas lembranças, nas famílias... até na pele.


Minha vida não seria a mesma sem ela. Eu nem seria a mesma pessoa, não passaria perto disso.
Outro dia, ao falar sobre mim, descobri que é quase impossível me descrever sem citá-la.

E lá no passado, quando tínhamos só dois anos, de algum jeito a gente percebeu que era pra ficar por perto. Por perto ficamos, por perto continuamos.
A gente mudando e o elo cada vez mais forte, mais claro, mais real.
E não tem tempestade que derrube esse nosso pilar.


Minha amada, não tenho nem como explicar o que eu te desejo.

É tão lindo, tão colorido, tão feliz!

Que você tenha o melhor aniversário de todos os tempos!
Porque se você estiver feliz, assim estarei.

#prontochorei

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sonho de aniversário

E não é que eu descubro que no dia do meu aniversário (26/4), em Paris, vai ter show do Mika?

Podia ser mais perfeito?
Podia sim, podia ainda ter ingresso pra vender. Já esgotaram!
UPDATE DAS 13:03 - INGRESSOS COMPRADOS!!!!

Eu queria muuuuuuuuuuuuuito! UHUUUUUUUUUUUUUU




E tem uma historinha que eu não contei nos relatos da viagem...
Comecei a ouvir Mika direto há uns anos atrás, no carro da Lê.
Sempre que tocava Love Today a gente descontrolava, colocava o som no último volume, cantava e dançava loucamente. Sempre. E quase sempre rolava um repeat, tamanha a euforia causada pela música.
Em alguma das viagens pela Alemanha, logo no começo, tocou Mika. Tocou Love Today.
A Dani estava dirigindo, a Lê de co-pilota e eu no banco de trás.
Cantamos daquele jeito "de sempre". Gritamos, batemos palmas, levantamos as mãos. Como se fosse qualquer caminho pro shopping Morumbi ou pro Pain et Chocolat. Esquecemos a Alemanha, a distância, a saudade.
Pra mim, aquele foi um momento de felicidade plena.
Tanto que depois, vesti meus óculos escuros e chorei só um pouquinho...


Será que em Paris tem cambista? QUEM PRECISA DE CAMBISTA? SÓ PRECISO DE UMA AMIGA COM BONS CONTATOS! VALEU, FÊ!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Eu e o Carnaval

Eu sei que entre a Família Neme o carnaval sempre foi uma festa. Sei que meu avô sempre reservava as melhores mesas do clube, levava todos os filhos, cantava, dançava e sorria. É significante no Fator Neme gostar de uma bagunça.

Meus primeiros carnavais foram no interior... Carnaval de salão, com marchinhas, fantasias, confete, serpentina e primos, muitos primos.

As fantasias desconfortáveis nunca foram muito meu forte, então com o passar do tempo essa festa foi perdendo a graça pra mim. Até que, na adolescência, alcançou seu ápice: eu fugia do carnaval. Viajava sempre para algum lugar fora da rota dos foliões, das músicas e de tudo que se relacionasse.

Quando eu fiz lá meus 18 anos, nutria uma paixão violenta pela Bahia, especialmente por Salvador, suas ruas, seu povo, seu sol, seu mar.
Ia pra lá duas vezes por ano, nunca em fevereiro. O carnaval era o "elefante na sala". Ele sempre estava em peso lá (dãh), mas eu fazia um esforço para ignorar.

Até que um dia não deu. O "elefante" ia desfilar na porta do meu hotel. E as minhas amigas baianas (pessoas espetaculares) reservaram para o xodó delas (meu pai) a mesa com a melhor vista para o tal do evento.
Ok, eu fui... Suuuuper relutante. Afinal, grande porcaria esse Farol Folia pra me tirar da minha paz.

Todos aqueles grandes artistas que eu fazia questão de não conhecer passaram ali na minha frente. Sim! Passou o da bandana, o louco fazendo coreografia de tartaruga, as bandinhas da moda daquele verão, o louco do Brown (esse eu até curtia) e, enfim, o tal do Araketu.
Na hora desse último passar (e liberar a avenida pra eu poder ir até o Mercado Modelo), acreditem, o trambolho do caminhão quebrou.
O coitado do vocalista ficou lá fazendo graça, cantando o repertório inteiro, e surpreendentemente eu já sabia várias daquelas letras. Mesmo assim, cansei. Estava virando as costas quando ouvi o convidado que era chamado a cantar: Djavan.
Ele estava hospedado lá no Othon para um outro show, no final da semana.
Tá bom, vai, eu fico mais um pouco...

O que aconteceu em seguida foi um encantamento tão grande que me arrepia até hoje.

A voz doce do Djavan ecoou... Pai e mãe, ouro de mina...

Olhei pra baixo e vi o delírio das milhares de pessoas que presenciavam aquilo, olhei pro lado e vi o mar azul ao entardecer, o céu colorido, senti o calor baiano queimando e o vento no rosto.
Tinha como não me entregar?
Me entreguei.

Ao sair, a banda foi cantando Ô meu pai, eu tava no Ara, meu pai...
E aí eu decidi: esse ano eu volto no carnaval. Ah, se volto...

Aí todo mundo sabe que eu voltei, né? E voltei por uns 6 ou 7 anos. Mas essas são histórias que eu conto em outros posts. Porque tem história pra caramba...

Ainda é difícil não ir pra lá no carnaval.
Esse ano vou fazer plantão na frente da tv e pular por aqui mesmo.
Não tem o mesmo gosto, mas sei que se fechar os olhos, eu vou pra lá sim...

Chame chame chame chame gente...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A noite perfeita...

Bom, resolvi voltar aqui só pra eternizar uma questão que me fizeram lá no Formspring.

Como eu me inspirei pra responder, chorei até e provoquei lágrimas nas amigas, vou copiar a resposta aqui, já que acho que o blog tem muito mais chances de sobreviver que o Form.

Uma noite perfeita? by deinhaff

Teve uma noite mais que perfeita.

Começou na poltrona de casa, na frente da tv, decidida a não sair.

De repente, lá pela meia-noite, tocou meu celular, era minha melhor amiga e chamando com urgência pro Na Mata. Que se eu confiasse nela, iria. E com a melhor roupa. E rápido.

Não questionei. Em 10 minutos, banho, em 5, roupa, mais 10 de caminho e cheguei. Ela me esperava na porta. Me aconselhou uma dose de vodka antes de entrar.

Ao passar pela porta da pista, meu coração disparou. Ali estava o objeto do meu afeto de tantos e tantos anos. Aquele que eu não encontrava há pelo menos 10. Aquele que nunca saiu dos meus sonhos. Aquele primeiro amor, platônico, inocente, imaculado.

O abraço do reencontro quase me provocou um infarto. Era emoção demais pra caber em mim. Cada vez que eu olhava em sua direção, sentia aquele êxtase louco, aquele frenesi que eu não sabia como lidar.

Detalhar mais daí pra frente, é apertar demais o coração.

Mas posso confessar que realizei o que sempre sonhei, ouvi o que sempre quis, descobri que tudo era muito melhor do que sempre imaginei, abracei, beijei, desacreditei.

Pedi pra testemunhas me dizerem, no dia seguinte, que aquilo era verdade.

E quando cheguei em casa, me prometi: mesmo que aquela história parasse por ali, eu seria feliz.

E a história parou. Já faz um tempo.
Mas até hoje, quando no meio do show eu olho lá pro fundo da pista, é ele quem procuro.
E se toca Enjoy the silence, é pra essa noite que eu viajo.


Snif...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Olá, ano novo!

Esse ano me dei ao luxo de não fazer balanço de nada e de não fazer promessas.

Tenho sim meus planos, que não mudam com o virar de uma meia-noite.

Vou deixar mais espaço pro inesperado.

Let's enjoy the ride.


Ps: tirei essa foto na estrada, ela vai virar meu background do twitter

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Oktoberfest, a minha tradição!

Pois é... quando eu saí de Munique o ano passado, brinquei com todo mundo que estava topando convites pra voltar em 2009, mas meio descrente que isso fosse realmente acontecer.

Quando comecei a planejar a viagem com a Dani, de cara ela sugeriu a Alemanha, um país que ela ainda não conhecia (e pra quem conhece a Dani sabe como isso é raro). Daí pra Munique e pra Oktoberfest foi um milésimo de segundo!

Então, a chegada em Munique foi mais uma daquelas complicadas... A rua já estava lotada de gente, aquele monte de "alemões e alemoas" vestidinhos bonitinhos a caminho da festa.
Conseguimos achar nosso hotel com facilidade, o que foi difícil foi achar uma vaga pra "máquina" no estacionamento (era um mini Iguatemi, quase tive um ataque claustrofóbico). Finalmente, no 6o. e último andar, rolou uma vaguinha... Ufa!

No check in no hotel, mais uma surpresa: devido a ameaças terroristas, teríamos que abrir a mala para um segurança checar.
Gente, era uma mala já de 10 dias... tava beeeem bagunçada, com roupas íntimas voando pra todos os lados! Mas, vamos lá... Segurança é segurança, certo?
Aí veio o momento segurar o riso histérico: o senhor responsável pela revista, muito sério e compenetrado, simplesmente colocava a mão por cima da mala aberta e fechava os olhos... Uma coisa meio Medium, meio Dead Zone, meio sobrenatural. Eu, fazendo mil piadinhas pra disfarçar o costrangimento daquela bagunça generalizada e ele maior concentrado... Medo!

Corremos pro quarto, nos arrumamos rapidinho e saímos ansiosas pra festejar.
Chegando na festa, caminhamos um pouco pelo lado de fora, olhamos as barracas e rimos com os trajes típicos. Logo depois, o desbunde: entramos no primeiro galpão.
A sensação é indescritível! Aquela grandeza, a música, a luz, as garçonetes passando carregando várias canecas ao mesmo tempo, as pessoas subindo nos bancos pra dançar, os brindes... e a melhor lembrança: aquele cheeeeeiro de cerveja!
(((Preciso deixar claro que eu odeio cerveja em qualquer outra situação, ok? Mas lá eu amo com todas minhas forças.)))

Sei que ficamos andando por todos os galpões, uma caneca em cada um. Descobrimos o que tocava menos música alemã e ficamos por lá. Aliás, aqui cabe um parênteses: eles têm loucura por duas músicas já meio passadinhas: Hey Baby e Angel, do Robbie Willians. Tocam em TODOS os galpões, a toda hora... impressionante!

O ponto alto, além do tradicional Ein Prosit (em que todo mundo levanta a caneca e brinda como se não houvesse amanhã), era uma música que eu achei que NUNCA fosse conseguir encontrar, mas consegui! Chama So a Schoner Tag. Eles fazem umas dancinhas muito engraçadas (como a gente no Na Mata), me matei de rir lá e estou me matando de novo agora. Pior que gruda na cabeça e cantar em alemão ainda não está entre as minhas habilidades!

No segundo dia de Munique, tínhamos o grande compromisso: ir buscar a Helena no aeroporto.
Então de manhã, demos umas voltas pelo centro da cidade, vimos o tal do espetáculo da Marienplatz, o Glockenspiel. O centro lá é lindo, várias lojas legais e ruas só para pedestres.


Depois de uma passada básica na Theresienwiese (a "praça" da Oktober), compramos um tíquete de metrô que nos dava direito a várias viagens e fomos até o aeroporto.
Desnecessário comentar limpeza, organização e pontualidade do transporte público, né?
Então tá...

O capítulo da chegada da Lê e dos dias seguintes fica pra próxima.
Vale um post especial, de qualquer maneira...

O que deu muito certo?
A dieta alemã. Eu provei que posso viver com base em 4 ingredientes essenciais: salsicha, cerveja, batata e mostarda. Juro. Desde o café da manhã. Funciona que é uma maravilha. (E, por favor, aquela alergia violenta que eu tive dias depois não teve nada a ver com isso, tá?)
O frango assado da Oktober também é um arraso; o pretzel que combina perfeitamente com a cerveja, um sonho; os sanduíches das mais diversas salsichas, inesquecíveis.


O que deu muito errado?
Não ter feito reserva para os galpões. Como era o último final de semana, a festa estava lotadíssima. No último dia, inclusive, as portas dos galpões se fecharam às 16 horas e não entrava mais ninguém. Tivemos que ficar tomando cerveja do lado de fora mesmo.

Nota para a próxima viagem (em 2010, certeza)
Na verdade são duas:
- Ir mais pro começo da Oktober, como em 2008. Dá pra curtir com mais tranquilidade.
- Levar um vestido típico de alemã, ou comprar um lá. Acho que eu ia ficar maior simpática com ele!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Só uma observação...


Interrupção bem rápida nos posts da viagem, só pro que deve ser dito.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Na Saxônia, a cidade de Bach

Antes de começar a falar sobre Leipzig, preciso falar do caminho que nos levou até lá.

As estradas da Alemanha são realmente tudo que falam por aí.
Todo mundo corre loucamente, é um festival de carros lindos, novos e potentes.
O que é surpreendente mesmo é a educação deles no trânsito. Primeiro: não se ouve uma buzina!
Não que fosse o nosso caso (de maneira alguma), mas tem um monte de turistas perdidos nas ruas, andando devagar e esperando o gps falar qual é o próximo passo. Mesmo assim, ninguém buzina.
Todo mundo se mantém na faixa da direita, independente de quantas faixas a estrada tem. Cada um faz sua ultrapassagem e volta. Simples assim.
Outra coisa, como há muitos trechos em obras, muitas vezes a estrada fica reduzida a uma ou duas faixas apertadas. Mesmo assim todo mundo é muito civilizado. Ninguém tenta correr mais do que o outro e todos respeitam os limites de velocidade impostos (mesmo que você esteja a 180 km/h, na hora em que aparece a placa de 80km/h, todo mundo reduz).
Outra coisa que faz toda a diferença: a sinalização. Se o GPS morresse (como morreu várias vezes), a gente chegaria nos nossos destinos da mesma maneira.


Ok, isso esclarecido, vamos enfim para a chegada a Leipzig.
Nessa viagem testamos um esquema bem diferente: sem plano, sem hora, sem destino.
Não tínhamos hotéis reservados, nem roteiros definidos, certo? Então quando entrávamos na estrada, qualquer coisa poderia acontecer. Tudo no nosso ritmo.
Saímos cedo de Munique, com o carro cheinho de bagagem (agora éramos 3, a Lê estava conosco).
Logo quando pegamos a estrada, paramos num posto para encher o tanque. Lição número 1: aqui tudo funciona na base da confiança: primeiro você enche seu tanque, depois vai pagar lá dentro da lojinha.
Lição número 2: ao lado de cada bomba tem um balde com um rodinho pra cada um limpar seu parabrisa. A reação das meninas quando saíram do banheiro e me viram com o rodinho em mãos, fazendo o maior esforço pra não deixar nenhuma sujeirinha no vidro foi impagável. Pena que não tiramos fotos desse momento (nunca imaginei que ia me dar bem como frentista).

Os postos lá são muuuuito legais. Depois desse, paramos em um para almoçar que era super divertido! Vendia de tudo, de perfumaria até bebida (até licor de maconha).
Com todas nossas paradas e sem pressa nenhuma, acabamos chegando a Leipzig só no finzinho da tarde. Logo o gps nos mandou pro centro antigo e milagrosamente logo achamos um estacionamento pra largar "a máquina".

Leipzig é a cidade do Bach, para muitos, o maior músico que já existiu. Com a minha mãe pianista e outros pianistas passando pela minha vida, posso concordar com esse título.
Ninguém sabe muito bem onde Bach está enterrado (aqueles mistérios da história), mas na igreja de São Tomás tem uma lápide em sua homenagem. Infelizmente, quando cheguei lá a igreja já estava fechada...

Na praça da cidade estava rolando uma festa com música, bebida e comida. Como era sábado, estava cheio de gente na rua, uma delícia.
Andamos pela feira que cercava a festa, comemos um pão estranho que todo mundo estava comendo e fomos parar numa ruazinha cheia de gente, cheia de pubs e restaurantes. Sentamos na primeira mesa vazia que avistamos e ficamos lá batendo papo e tomando cerveja até a noite cair definitivamente.

O mais divertido de Leipzig é que não deve chegar muito brasileiro por lá, pois em cada lugar que passávamos, causávamos uma certa curiosidade de quem estava em volta: - afinal, que língua elas falam? - Teve gente que até veio perguntar, as caras de espanto eram incríveis! Nos divertimos com isso...

O que deu muito certo?
Chegar e largar o carro no estacionamento.
Estávamos perdendo muito tempo quando chegávamos numa cidade e íamos logo procurar hotel. Em Leipzig só fomos procurar o hotel lá pela meia-noite, depois que já tínhamos visto e andado tudo que queríamos. Assim conseguimos aproveitar mais.


O que deu muito errado?
Não ter chegado a tempo para ver a Igreja de São Tomás nem o Museu Bach.

Nota para a próxima viagem
Não acreditar tanto no gps quando ele sugere um hotel um pouco mais afastado...
Fomos parar num lugar muuuuuito assustador, cheio de fog e campos abertos (pra quem lê Twilight como eu, um lugar onde facilmente encontraríamos lobisomens e vampiros).
Ok, era um best western que estava lá no meio. Mas a chegada lá foi muito bizarra, assim como a decoração do quarto, que devia datar da época do Iluminado!

Atendendo ao pedido feito no comentário da Lê, aí está a estampa inspiradora!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Berlim, a cidade do futuro

Bom, já que eu comecei a escrever pelo final, vou continuar nessa ordem anti-cronológica, meu TOC não me permite mudar de ideia a essa altura do campeonato...

Cheguei a Berlim dirigindo, encantada com as estradas alemãs e ainda não muito conformada sobre ter que ficar na pista lenta quando dirigindo a 140 km/h.

De cara já percebi que aquela capital seria diferente de todas as outras...
Uma cidade que foi a sede de um governo traumático, que foi destruída pela guerra, depois dividida e governada por quatro países diferentes ao mesmo tempo... Eu esperava uma cidade triste, arrasada, cheia de recordações dolorosas, destroços e só.
Felizmente, eu estava muito errada!
As recordações? Elas estão lá, sim, mas como cicatrizes, como propulsoras no plano de criar uma cidade perfeita.

Nosso hotel era muito perto do Checkpoint Charlie. Foi por lá que começamos a explorar.
Logo vimos no chão a marca por onde passava o muro, e nas paredes as fotos de como era a região no passado. Ao passar em frente ao museu, alguns arrepios ao ver pedaços do muro e um aperto no coração vendo a foto de um soldado americano passando um chocolate entre as grades para uma criança do lado soviético.
De lá saímos andando, porém um vento violento encerrou nossos planos do dia. Entramos num shopping e nos entregamos à combinação clássica que desde Munique estava fazendo nossa alegria diária: Wurst, Kartoffeln und Bier.

No dia seguinte pegamos um daqueles ônibus turísticos, que levam a todos pontos importantes e turísticos. Aí sim eu posso dizer: Berlim é uma cidade especial! Ela passa uma energia diferente, algo que até agora não consigo definir, mas que é facilmente perceptível. Uma impressão de liberdade, de novidade, de arte... tomou conta de mim. Tudo de bom.

Saí da primeira volta do ônibus boquiaberta. Não conseguia nem falar (só de lembrar me emociono). É tudo muito belo: a Catedral, o memorial do holocausto, o parlamento (que depois visitamos), o portão de Brandemburgo, a ilha dos museus, a embaixada britânica, a Kaiser William Memorial Church, as novas construções misturadas com as antigas, o zoológico, as avenidas lindas e largas e, como não poderia faltar para o meu delírio completo, a loja gigaaaaaaante KaDeWe (no quesito compras, preciso ressaltar que tem até uma Lafayette na cidade).

Um outro milagre aconteceu em Berlim: deixei de lado meu visual turistolândia/mendigolândia (um clássico da moda viagem) e saí arrumada pra rua. Deu vontade!


O que deu muito certo?
Fazer comprinhas na Lafayette Gourmet e no supermercado Kaiser's para preparar "o jantar" no hotel. Conseguimos economizar um pouquinho e ao mesmo tempo experimentávamos um monte de bobagens que descobríamos pelo caminho (queijos, salames, balinhas haribo, pães, bolachas, chocolates).
Não, realmente não eram as refeições mais saudáveis do mundo, mas para quem já estava comendo salsicha no café da manhã, acho que não ia fazer muita diferença. Além de tudo, sem essa "pesquisa" eu nunca descobriria que existe na Terra um Lindt que é horrível: blueberrie com lavanda (eu JURO que eu não vi que tinha lavanda escrito).


O que deu muito errado?
Nada deu errado, foi tudo muito perfeito! Até o dia que eu saí pra andar de vestido e bota deu certo (só porque eu achei um all star me esperando no meio do dia).
Fiquei meio frustrada só com uma coisa: não ter conseguido curtir a vida noturna de lá. Pelo que vi e senti da cidade, as pessoas de lá devem ser muito interessantes! Mas como havíamos acabado de sair da Oktoberfest, ainda estávamos um pouco de ressaca e acabamos deixando esse programa para a próxima vez...

Nota para a próxima viagem:
Pelo menos uma semana em Berlim. Pelo menos!


PS: Para quem ainda não viu, o álbum de fotos está aqui.